Objetivo da ação educacional é capacitar profissionais para atuarem sobre os danos causados pelas situações de conflitos e violência.
Desenvolver a resiliência, por meio do engajamento pleno do corpo, da mente e do espírito, usando os desafios enfrentados como recursos criativos. Com esse objetivo principal, a Escola do Poder Judiciário do Acre (Esjud) promove nesta semana o curso “Reacender a Criatividade em Líderes que tratam o dano e o trauma”.

A abertura da programação teve as presenças do desembargador Luís Camolez, diretor do Órgão de Ensino, e da desembargadora Waldirene Cordeiro, supervisora do Núcleo Permanente da Justiça Restaurativa (NPJR) no Acre; da juíza de Direito Andréa Brito, titular da Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas da Comarca de Rio Branco; de Kátia Roncada, juíza-auxiliar da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de Katie Mansfield, formadora do curso, e de Guilherme Duarte, representando a Secretaria de Administração do Estado do Acre (SEAD).

“As pessoas que infringem a lei precisam sim ser responsabilizadas pelo que aconteceu, todavia, não apenas com a ‘punição pela punição’. É preciso apontar um caminho que conduza à pacificação social”, assinalou Luís Camolez.

O diretor esclareceu que a Justiça Restaurativa não engloba somente as pessoas que cometem os crimes, mas também as vítimas, que precisam de todo apoio institucional, até para evitar a revitimização, que acontece quando alguém passa novamente por um crime, abuso ou trauma, após ter vivido uma experiência semelhante anteriormente.
O desembargador destacou que uma das premissas da Esjud é justamente o acolhimento. “Precisamos incluir e não excluir, ouvir e não discriminar, ter empatia, estender a mão, se importar e acolher”, concluiu.
A desembargadora Waldirene Cordeiro ressaltou que a atividade exigirá “muito dos(as) cursistas, uma vez que alcança profundamente processos internos, emoções, percepções mais aguçadas da realidade, a exemplo “das dificuldades do ser humano”.

“É direcionado à formação de quem terá o primeiro contato com a Justiça Restaurativa (JR), como forma de capacitar e ampliar os seus conhecimentos”, disse.
A supervisora do NPJR salientou que não tem dúvidas de que a agenda educacional resultará em “uma imensa qualificação”, e explicitou qual deve ser abordagem das instituições sobre a temática. “Precisamos o tempo todo perguntar se as pessoas estão satisfeitas com nosso trabalho e ter um olhar diferenciado e humano à vítima, ao ofensor, sempre com empatia. Não basta julgarmos com base somente na letra fria da lei, existe o contexto social, muitas vezes não resolvido com o fim do processo”, afirmou.
Para Kátia Roncada, “o Acre é reconhecido em todo Brasil pelo trabalho na área da JR”. Ao elogiar o evento e frisar que “a sociedade está cada mais egoísta e doente”, a juíza federal considerou que é necessário atuar para tratar os danos causados pelas situações de conflitos e violência”. Mas que isso, segundo ela, “é de responsabilidade individual e coletiva”.

A aula inaugural
No início das atividades, Katie Mansfield explicou que a ideia era identificar e analisar dinâmicas desafiantes em contextos pessoais, comunitários e institucionais.
Com mais de 15 anos de treinamentos sobre trauma e resiliência, a formadora americana disse que é fundamental nesse primeiro momento explorar e fortalecer os recursos internos dos participantes, a fim de reacender as suas energias criativas, através de práticas de aprendizagem incorporadas, envolvimento artístico e regulação autonómica. De acordo com Katie, dessa forma, busca-se promover a resiliência e o bem-estar face a situações adversas.

A carga horária do curso é de 40 horas-aula, destinadas a pessoas que atuam no NPJR e para alunos(as) indicados pela Secretaria de Estado de Administração do Acre (SEAD).
Outros objetivos da ação educacional são:


Experimentar e praticar estratégias criativas de facilitação – incluindo processos individuais, de pequenos grupos e de círculo;
Praticar a partilha de poder, envolvendo o conflito como uma energia para a transformação;
Atender às necessidades e narrativas individuais e coletivas de forma holística, sob os pilares de segurança humana e da espiritualidade;
E aprofundar a presença pessoal como ouvinte, testemunha e respondente em contextos de vulnerabilidade e violência.