Programação do Seminário “Justiça e Saúde Mental engloba abordagens interdisciplinares para decisões judiciais.
“Aspectos psicológicos do abuso de autoridade” foi tema do primeiro dia do Seminário “Justiça e Saúde Mental: Abordagens Interdisciplinares para Decisões Judiciais”, realizado pela Escola do Poder Judiciário do Acre (Esjud) nessa quinta-feira (24).
Destinada a magistradas(os), servidoras(es) da Justiça Estadual e operadores do Direito, a agenda foi conduzida pelo professor Gabriel Perissé, estudioso reconhecido nacionalmente na temática. Mais de 200 pessoas (nas modalidades presencial e pelo Meet) estiveram conectadas pela capacitação, inclusive de comarcas distantes, como a de Jordão.

Diretor do Órgão de Ensino, o desembargador Luís Camolez ressaltou que a iniciativa vai ao encontro de uma das diretrizes de sua gestão. “Precisamos ir além dos muros da Escola e do universo estritamente jurídico, para discutir as questões da sociedade atual. Por isso, temos trazido formações nos mais diferentes campos do saber, para promover essa compreensão e apontar possíveis caminhos ou soluções”, explicou.

A palestra
Pós-doutor em Filosofia e História da Educação pela Universidade Estadual de Campinas, Gabriel Perissé salientou que existem diversos tipos de abusos, como o abuso financeiro, o abuso sexual e/ou emocional, o abuso de consciência e o abuso de poder. Para enfrentar essa problemática, segundo ele, é necessário desenvolver um senso crítico, que permita identificá-los.

Nesse sentido, lidar com os traumas causados pelos abusos exige um nível de maturidade que só é possível com o autoconhecimento, razão pela qual o formador defende a terapia.

De acordo com o professor, estamos vivendo atualmente não uma pandemia, mas sim uma sindemia, que é o conjunto de problemas de saúde interligados, os quais contribuem para ampliar a carga de doenças que acometem a sociedade. Por isso, é comum que uma pessoa sofra hoje em dia de mais de um problema de saúde mental ao mesmo tempo.


Gabriel Perissé criticou o fato de que as pessoas estão cada vez mais conectadas com tecnologia, Internet, redes sociais e Inteligência Artificial, e desconectadas da realidade. “Onde está a amizade? Onde está o afeto? Estamos ouvindo as pessoas de verdade, com atenção e cuidado?”, alertou, antes de citar o amor como elemento indispensável para religar o atual homem pós-moderno aos valores que dão real significado à vida, como respeito, solidariedade, empatia, responsabilidade, liberdade, etc.


Por fim, o doutor em Filosofia da Educação pela Universidade de São Paulo (USP) incentivou o hábito da leitura como instrumento de crescimento pessoal e profissional. “A média de leitura do brasileiro é baixíssima e ainda tem diminuído nos últimos anos. Atualmente, os livros mais vendidos para adultos são os de colorir e, detalhe, com desenhos infantis. A leitura amadurece, liberta, amplia o conhecimento, a percepção do mundo, abre portas. Quem lê, melhor escreve, fala melhor, desenvolve o raciocínio e a capacidade de enfrentar os desafios do dia a dia”, finalizou.
(Texto: Marcos Alexandre/Comunicação Esjud. Fotos: Gleilson Miranda | Comunicação TJAC | e Marcos Alexandre / Comunicação Esjud)