Dentre os tópicos debatidos, o “Planejamento Estratégico nas Escolas, Inovação, ESG e Agenda 20/30” e “Discussão de Temas relacionados à Gestão das Escolas Judiciais”.
O Colégio Permanente de Diretores de Escolas Estaduais da Magistratura (Copedem) realizou nestes dias 23 e 24 de agosto o 53º Encontro no Rio de Janeiro. A atividade foi promovida em modalidade presencial, algo que não acontecia em virtude da pandemia.
Neste ano de 2022, o evento teve como tema principal “As Escolas Judiciais no mundo pós-pandemia” e contou com palestras de magistradas(os) e docentes de diversas instituições nacionais e internacionais. Na ocasião, também foi elaborada a Carta do Rio de Janeiro (veja íntegra aqui), com a apresentação das metas político-didático-pedagógicas dos próximos anos.
Diretora da Escola do Poder Judiciário do Acre (Esjud), a desembargadora Regina Ferrari participou do Encontro e destacou sua relevância. “Fortalece a interação, propicia o benchmarking (consiste no processo de busca das melhores práticas de gestão), estabelece-se a troca de informações e experiências, firmam-se parcerias, além da profícua discussão sobre os desafios da formação profissional”, disse. A magistrada esteve acompanhada da juíza de Direito Zenice Mota, coordenadora pedagógica da Esjud.
Temas discutidos
Dentre os tópicos debatidos, o “Planejamento Estratégico nas Escolas, Inovação, ESG e Agenda 20/30” e “Discussão de Temas relacionados à Gestão das Escolas Judiciais”. Houve também um painel ministrado pelo desembargador Marco Villas Boas, presidente do Coedem e diretor geral da Escola Superior da Magistratura Tocantinense (Esmat), sobre o credenciamento das Escolas no Conselho Estadual de Educação (CEE) quanto às capacitações Lato Sensu.
Abertura
Na abertura, a diretora-geral da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), que sediou a atividade, a desembargadora Cristina Gaulia expôs a grande inovação da Escola nos últimos anos, que são os Núcleos de Pesquisa do Observatório Bryant Garth. “Os nossos núcleos, com os quais temos começado pesquisas cientificas, ajudam a nossa administração do Tribunal em determinados setores e responde algumas perguntas, como por exemplo: devemos abrir uma vara especializada em meio ambiente? Se devemos, por que devemos? Onde estão os números? Por quê? Essas causas são comuns? Não são? Tem muita, tem pouca? Então os núcleos de pesquisa têm essa perspectiva de, na verdade, suprir informações para a administração da nossa cúpula do tribunal”, explicou.
Vice-presidente do Copedem, ela recebeu a “Medalha Desembargador Mário Augusto Albiabi Alves”, concedida pela Escola de Magistrados da Bahia (Emab). “Temos que ter em mente que é um momento de agir. As ações que nós elucidaremos, combinaremos aqui, são as técnicas de aprendizagem pelos anos que virão. As ações daqui nortearão nossos próximos passos à plena e eficiente formação de magistrados em todas as regiões do Brasil”, considerou.
O desembargador Marco Villas Boas discorreu acerca da importância do tema escolhido. “Privilégio enorme recebê-los, a todos e a todas, aqui no Rio de Janeiro, de volta às nossas atividades presenciais, com a presença dos diretores e diretoras de escolas estaduais da magistratura, para discutir de fato aqueles temas que interessam diretamente à gestão das escolas e à gestão dos tribunais. O tema em questão escolhido para este Encontro serve para que possamos refletir sobre tudo o que passamos nos últimos anos, os impactos dessa ameaça global à humanidade que acabou com inúmeras vidas, que modificou instituições e que impactou a humanidade de maneira severa e que deixa cicatrizes profundas que ainda estão abertas”.
Graduação em EAD e presencial
Um dos palestrantes foi o conselheiro do Conselho Nacional de Educação, sociólogo Luiz Roberto Curi, o qual abordou na sua apresentação os “Critérios para credenciamento das escolas para cursos de Pós-Graduação em EAD e Presencial”. Para o professor, “um legado positivo da pandemia para as educações superiores foi a geração de novos processos de aprendizado, uma superação do preconceito em relação a educação remota, mas também o fortalecimento de inúmeros projetos anteriormente mal organizados, concebidos e construídos”.
“O resultado do processo nos remete a desafios para o futuro. Obviamente, não podemos considerar que depois da pandemia temos um passado na nossa frente, não dá para querermos voltar para 2019, temos que ir para 2023, que terá um desafio enorme para uma educação superior que patinou durante décadas em políticas, procedimentos e ações conservadoras, pouco criativas e pouco condizentes. A educação é a base do estado nacional, o que liga uma civilização”, completou.
Justiça 4.0
No segundo painel palestraram o juiz-auxiliar do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Fábio Porto, e o presidente do Fórum Permanente de Justiça Digital da Emerj, desembargador Nagib Slaibi Filho. O juiz ressaltou que “a Justiça 4.0 se refere ao momento em que toda essa evolução tecnológica, que avança de uma forma rápida, impacta diretamente no Poder Judiciário”. Já o desembargador falou a respeito das novas perspectivas relativas às mudanças das avaliações judiciais. “A divisão de competência entre Justiça e órgãos judiciais é mera forma da distribuição de trabalho. Seu ofício é humanista levando em conta a dignidade das pessoas, que predomina desde o século XVI”, concluiu.